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As mensagens e reflexões contidas neste blog, são frutos e resultado de um olhar observador.
"São Fragmentos do Cotidiano" de pessoas comuns, nada de extraordinário, porém, valioso e significativo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Lembranças e nada mais



“...Tenho às vezes vontade de ser novamente um menino, e na hora do meu desespero gritar por você. Te pedir que me abrace e me leve de volta pra casa, e me conte uma história bonita e me faça dormir...”

Calma! Esse é só um trecho da música que Roberto Carlos fez para sua mãe, Lady Laura. E o que isso tem a ver comigo? Absolutamente nada.

Mas, me trouxe à tona as lembranças de um passado lindo e feliz que não volta mais. De momentos especiais que fizeram parte da minha infância, mas que foram tão intensos: de liberdade e brincadeiras pelas ruas da minha cidade e do meu lugar, de um tempo sem pressa e sem medo, de pessoas confiáveis e do bem. De colegas verdadeiros e cúmplices nas travessuras e traquinagens. Dos natais na praça com direito a parque de diversão e quermesse organizada pela Igreja da Santa Cruz. A felicidade não cabia no peito de tão grande que era, e tinha jeito de festa e cheiro de roupa nova e simplicidade. Esse é um dos lados bom da vida, quando se é bem vivida. São lembranças que ficam guardadas num cantinho especial, que só você tem o acesso e pode se refugiar todas as vezes que a saudade apertar, ou ainda, quando se sente ameaçado pelo novo tempo.

Lembranças de um tempo em que as escolas tinham como foco principal o ensino, e os materiais escolares eram distribuídos gratuitamente e ninguém ficava sem estudar por falta dele, em que a maior preocupação era com o saber do aluno, e esse, nem sonhava existir um dia o tal do “bullying”, pois “mangar do colega” não dava processo, o mínimo que ocorria era ficar de castigo sem ir ao recreio e ainda, ser mandado até a secretaria, que era o terror da época, pois implicava em dar conhecimento aos pais ou responsáveis, do ocorrido. Como? Através do temido bilhetinho. Aí já sabia, tinha conversinha ao chegar em casa, e na sequência, a chamada correção, ou seja, uma "surrinha" de leve... Santo remédio! "Agora faça de novo ou me deixe receber outra reclamação!" 
Era mais ou menos assim que a coisa funcionava. E os traumas? Quem são, quem viu, onde moram?

A escola era lugar onde se frequentava com o intuito de aprender e estudar, e os professores eram chamados de mestres, e tinham autonomia em sala de aula e o respeito por parte dos alunos, pois a educação, que era função dos pais e responsáveis, não era negligenciada tampouco transferida para ninguém. O conhecimento era estimulado e exercitado através das realizações das chamadas feiras: “de ciência, português, literatura, história...” E a disputa era entre os alunos com seus trabalhos e projetos, e não entre escolas, procurando garimpar os alunos nota 10 das concorrentes, para fazer disso um pódio, um meio de atrair possíveis clientes para o seu negócio/empresa.

No quesito saúde: Se alguém adoecia ou passasse mal, fosse quem fosse o lugar era o mesmo para todos, e o tratamento tinha a ver com a doença e não com o que você possuía. Há, e se por acaso não fosse possível o deslocamento do doente até o hospital, a “ambulância” com um médico que geralmente era um clínico geral, especialidade rara nos dias atuais, vinha à sua casa para consultar, pois o senso de compromisso em salvar a vida, falava mais alto e era o modelo usado nesse período. E funcionava mesmo. Sem contar das visitas periódicas que recebíamos em casa, dos agentes da extinta “Sucam” – Superintendência de Campanhas de Saúde Pública.

Ajudar a mulher a ter filho(a) e fazer seu parto, era um trabalho para as parteiras de plantão, que geralmente era uma amiga, conhecida, vizinha, comadre..., mas caso isso não fosse possível, as maternidades as recebiam e faziam o parto sem que você tivesse que pagar “os olhos da cara” para ter um atendimento decente e humano.
Não entenda ou me interprete mal, não estou variando e nem é um simples devaneio ou saudosismo. Eu vivi tudo isso de verdade.

São apenas momentos de reflexão, interrogações e tristezas também, de vê que em pleno século XXI, ao invés das coisas melhorarem que seria o curso natural já que o mundo está globalizado e se diz tão evoluído, o que se percebe, se parece mais é com a involução da espécie humana. Lamentável!